“A ideologia do acadêmico é não ter nenhuma ideologia, faz fé de apolítico, isto é, serve à política do poder.”
A universidade tem nos preparado pura e unicamente para o mercado de trabalho, é fato. Mais fatídico ainda é o papel definido de figuras intermediárias que a maioria dos “diplomados” terá nessa estrutura. É pregada a ideia de que o espaço acadêmico é neutro – o local do saber científico. Mais parece uma continuação do nível de ensino anterior. O que já é uma falha por si só. Construímos em nossa mente a figura de um estudante de ensinos fundamental e médio parado, encostado – broco.
O acadêmico absorve o que lhe é passado (nem se pode dizer ensinado) – não pesquisa, não procura e não pergunta. E a chave de toda esta montagem do profissional não pensante ou do pseudocidadão é a aplicação de exames, provas e testes que avaliam seu “conhecimento”. Então, o negócio é engolir livros e palavras mastigadas e cuspidas por professores que, em sua maioria, já não tiveram o trabalho de mastigá-las, sem que nada seja questionado.
O próprio professor é vítima do modelo de universidade – todo o tempo, é submetido a avaliações que vão lhe render cargos e títulos: publicações, comportamento, projetos, etc. Ficam então docentes e discentes reféns de uma imagem que os permitirá estar ou não inseridos na sociedade como pessoas de bem, que “andam na linha” – Seres acéfalos, mudos.
Não é necessário reinventar a roda, mas é hora de assumir que a universidade tem exercido cada vez menos o papel de laboratório – espaço de pesquisa, descoberta, criação. A aplicação do conhecimento em prol da sociedade é quase nula. Na febre por títulos, os outros são balela – É urgente adquirir o mestrado em eumismo e o doutorado em Alter ego.
Para se ter uma noção da estrutura antidemocrática do meio acadêmico, basta ver quem o frequenta. A maioria, filhos da classe média e alta que continuam propagando a noção do consumismo a qualquer custo. O que não percebem é que defendem o autoconsumo.
Fica assim então, a ideologia dominante (daqueles bons e velhos dominadores – Estado, Igreja e classe A) é reproduzida por professores acuados e intimidados, enquanto estudantes são treinados como cãezinhos. Estudante bom é inativo, servil, dócil. Somente se tiverem um bom comportamento, terão lugar no mercado de trabalho, serão indicados – Premiados!
Com uma noção “sem noção” de que o diploma garante um status de conhecimento inatingível, não enxergam quantos diplomas têm sido arremessados pelas universidades particulares. O dinheiro na conta delas e o diploma na parede deles. Começa-se a fazer qualquer curso, sem afinidade, sem preparo – serão profissionais frustrados, cidadãos castrados.
Quem pára e questiona quais são as graduações que temos aqui em Imperatriz? São para quê? Para quem? Elas correspondem à nossa realidade? Vejam os novos cursos da UFMA – Ciências da Natureza e Ciências Humanas em 3 anos! Quem são os professores que estamos formando? Quais os resultados que o REUNI já trouxe para a universidade?
Abram os olhos! Estamos cumprindo tarefas, discutindo como executá-las e construindo sem ao menos saber a quê levarão, quem serão os beneficiados e os prejudicados por elas!
"O pensamento está fundamentalmente ligado à ação. Haja como um homem pensante e pense como um homem de ação!" ¹
¹ Frases de Maurício Tragtenberg
Baseado no texto "A delinquência Acadêmica", de TragtenbergJuliana Carvalho
1 comentários:
Muito bom..
Concordo em quase tudo..
amei a expressão: "Seres acéfalos, mudos."
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
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